quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Desengano

O tempo rasga as vestes dos que o cercam,
deixa-os nus em pêlo e decepção.
Estremecendo em torpor, invade o corpo minuto
que a cada investida dada, mais transpira ilusão.

Desconfigura o rosto casto,
(As lágrimas correndo à boca)
corrói pudor e vontade,
(o sangue gotejando às pernas)
dilacera os sentimentos vãos.
(o coito grudando às entranhas)

Vomitou parte de si.
E ainda ontem se viu criança.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Jigsaw 1, 2

Querido diário,

Hoje descobri que o scanner é ótimo para estragar desenhos, apagando traços e tons, e que eu não sei pintar no photoshop como gostaria.


Beijos,
Caco





sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Transbordo

A voz expõe seus medos
O sexo lhe acusa o desejo
Os olhos marejam em lamúria
As lembranças lhe fogem o controle

Cala-te voz! Cala-te corpo!
Cala-te dor! Cala-te choro!
Cala-se tudo e nada se cala.

O silêncio se faz grito e estoura os tímpanos daqueles que não querem ouvir.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Post it!

Bom, algumas coisas!

O mais importante, tô dentro do Wolf!! Opa, sem pensar besteiras, dentro da escola!!
Na terça feira a ansiedade falou mais alto, e liguei uma hora antes do planejado para saber o resultado - obviamente em vão. Tudo bem, pq uma hora depois já ouvi a boa notícia! Amanhã to subindo pra fazer matrícula, ontem e hoje passei o dia correndo atrás dos documentos... meu RG ainda tá como "Não alfabetizado", e acho que por isso não consegui tirar o atestado de antecedentes criminais na internet. Tive de ir no poupatempo, já aproveitei e pedi segunda via da identidade também. Vou tentar scannear a antiga pra postar aqui depois! :]

Ainda, a foto de um flagra que dei no escritório. O Rogi Pierre e o Bob Esponja se pegando lá no escritório. Onde é que eu fui me enfiar.. :P

sábado, 25 de julho de 2009

One, two, three, four.. again!

Sábado, 25 de julho de 2009. Dia Do teste do Wolf, com o próprio. Tive a sorte de cair no primeiro grupo, logo que cheguei ouvi de pessoas que não conseguiram fazer o teste no dia anterior tamanho o atraso que ficaram até 1 da manhã de hoje. É um efeito "bola de neve", pois sendo um teste de interpretação e improviso, acaba ficando impossível dizer ao certo quanto tempo durará. Cheguei às 11h, saí às 14h20min.


No começo, fomos todos para uma sala onde nos foram explicados os procedimentos para matrícula caso fossemos aprovados. Alguns documentos necessários, não haverem antecedentes criminais e o fato de que se deve fazer a matrícula no exato dia indicado, caso contrário a vaga certamente seria ocupada pela lista de espera. Em seguida, outra sala, a mesma onde nos foi passado o resultado da primeira fase. Lá, o Alex nos explicou como tudo aconteceria:

Um camarim, com alguns figurinos e objetos a serem escolhidos. É um teste individual. Quando fôssemos chamados, teríamos em torno de 5 min para escolher 2 itens do camarim, criar um personagem com eles e uma história de aproximados 1 minuto a 1 minuto e meio, que poderia ser muito mais do que isso, ou muito menos. É claro que quando nos foi explicada a situação, tentamos de toda a forma criar personagens no momento da espera, ali mesmo.


Mas, pelo menos no meu caso, foi tudo em vão. Pensei em fazer um animal, uma galinha por exemplo. Assim teria a possibilidade de reclamar da minha posição no mundo atual, da matança desenfreada para despachos de macumba, e invejar os ratos e patos (Mickey Mouse e Pato Donald, por exemplo) que são muito mais bem quistos. Pensei em vários outros animais - éguas, burros. Depois, pensei em uma árvore, ou algo assim. A idéia era reclamar. E é claro que no fim, não havia nem figurino e nem objeto que se encaixasse nas situações.


- Número 133!


Era eu, cinco minutos para decidir. E o camarim era menor do que eu imaginei. Meu deus, onde raios estão os bichos nesse lugar? Não havia nenhum. O que fazer? Pensei em um motoboy, ou um gay saído da parada, ou uma pomba-gira, ou entrar pelado. A última opção descartei, por que já havia prometido não fazer! rs


Mas fiquei com medo de ser óbvio nos outros casos ou não saber desenvolver uma história. Meu Deus, uma história! E eu não tinha absolutamente nada em mente! Nesse instante lembrei-me da minha irmãzinha, Débora, que me disse pra inventar algo da minha Vó caso me perguntassem qualquer coisa. Notei uma peruca de cabelos brancos, era ela mesmo! E um pinto de borracha! Vai ser como na outra fase!


- Bom dia meus jovens, bom dia! Vocês vão me desculpar, mas eu vou sentar, pois já sou uma senhora e não tenho mais idade de ficar em pé. Aposentei-me tem algum tempo, mas acabei voltando a trabalhar por causa dos meus netinhos (ah, meus netinhos queridos)! Os coitadinhos vivem me pedindo dinheiro pra sair pra uma - com dizem - balada. Sabe, eu que banco os coitadinhos. Tive de voltar a trabalhar, o dinheiro não estava dando. Foi assim que virei vendedora de uma SexShop. E olha, eu gosto muito do que faço! Dizem que os velhinhos não tem fogo no rabo, mas é tudo mentira. Vejam, eu tenho tanto fogo que tenho até um pinto no rabo (tirando o pinto do bolso de trás). Depois que comecei com o emprego, peguei jeito, e sempre carrego comigo. Pode ser útil alguma hora, um pinto de borracha na bunda. Tudo bem que esse não é lá um ótimo pinto... tem muitos maiores, melhores. Ah, eu tenho tantas saudades do pinto do meu velho...


E a história se desenvolveu por aí, sempre voltando ao "pinto na bunda". Não faço a mínima idéia de quanto tempo durou, mas depois de algum tempo, eu já não sabia muito mais o que dizer e dei graças quando o Wolf me salvou dizendo que já estava bom. Consegui arrancar algumas risadas deles, achei ótimo! Logo em seguida já fui arrancando o figurino e ele disse que não havia acabado ainda. Fez uma entrevista rápida, e entre outras coisas perguntou se sempre fui desinibido assim (eu, desinibido?). Claro que não, disse que sou muito tímido na verdade. Ele fez uma cara que não sei explicar, e disse que na hora "deslancha". :]


A terceira etapa. Outro professor me fez uma pergunta, eu tinha de responder olhando para a câmera, e não mais para eles. "O que você faria, como reagiria, se encontrasse nas coisas de sua namorada(o) uma camisinha, sendo que vocês não usam isso já há muito tempo?". Não sabia na verdade se era para atuar. Fiz como se meu companheiro fosse a câmera, em tom de indignação, me sentindo traído e com medo de ter pegado alguma doença. Foi mais rápido, mais tranquilo que a primeira parte, mas também não sei se melhor. Depois, muitos obrigados e tchau! A resposta sai na terça-feira, e caso seja aprovado, muito provavelmente seremos seus professores.


Saí de lá tremendo, um efeito retardado. Acho que esqueci o nervosismo na hora e me lembrei depois, o que foi bom. No fim, vontade de correr, contar pra todo mundo, conversar, ligar pra mãe e pai e vó e Dé e amigos, vontade de chorar sem motivo. Acho que criei uma esperança de entrar no curso, coisa que desenvolvi no decorrer dos testes. Não acreditava que conseguiria passar nem da primeira fase, e agora sou só ansiedade pela resposta definitiva. Mas mesmo que não passe, já fiquei super feliz com os testes, e não penso em desistir de tentar... merda pra mim!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

domingo, 19 de julho de 2009

Ni!

Faz tempo que não posto pra variar!

Coisa de um mês pensei em ocupar um pouco mais meu tempo. Não basta a faculdade, estágio e francês... quer dizer, que tal começar teatro?

Acho legal essa coisa que o ator tem de saber sensibilizar, fazer a cabeça funcionar, os olhos marejarem e a boca abrir em V ou O. Vai me servir de distração, desafogo, e de quebra ganho vivência e perco a vergonha. Foi num impulso que me inscrevi pro teste no Wolf Maya, mas se tudo der certo, vai ser algo que vou levar pro resto da vida comigo!

Sábado (ontem) foi a primeira fase e fiquei em Sampa pra fazer o teste. E pra meu espanto, passei! Mais sete dias e vem a segunda etapa, que parece ser com o próprio Wolf, o que diminui um pouco a temperatura na minha região abdominal, mas nada absurdo. Vamos ver na hora o que sai!

Domingo, enxaqueca logo no primeiro abrir de olhos. Dormi um pouco, mas em vão - minha cabeça implodia a cada movimento, cada zumbido que ouvia. Almocei pouco, dois comprimidos e dormi de novo. Depois de hibernar por quase todo meu fim-de-semana-de-um-dia, novo em folha. E acordei logo ouvindo não lembro quem ou o que falando do Michael Jackson. Mais uma vez.

Pois eu tenho uma teoria, que acho muito coesa, de que ele não se foi. Ele assistia Caminho das Índias, hare baba! Se inspirou na história do Raul. A verdade verdadeira é que ele tomou um composto de ervas egípcias para simular sua morte.


Os médicos (muito bem pagos) já sabiam de todo o esquema, o que facilitou tudo. Substituiram o corpo do Michael por um boneco em tamanho real do Esqueleto, do He-man - ninguém iria notar. E com todo o alvoroço já ganhou rios de dinheiro. Os cds do pseudo-falecido estão vendendo feito água, e até o seu "showneral" levantou uma graninha boa - o suficiente pra construir outra "Terra do nunca" e sumir da realidade, como o Peter Pan.

Agora, enquanto escrevia, o Vini me mandou um "feliz dia do amigo"! Eu nem lembrava ou sequer sabia que era dia do amigo, mas fiquei feliz de ser lembrado! (:

E daí vêm a nostalgia, e lembro que tem algumas pessoas super especiais que tem feito meus dias sempre melhores, e que queria poder sempre fazer o mesmo por eles. Ultimamente, tenho me notado mais racional e menos passional - o que é incrível de se acreditar, tratando-se de mim. Ainda não sei se isso é bom ou ruim, mas nem por isso deixo de amar incondionalmente. Fato, ninguém pode negar! ;)

... e preciso dormir, que amanhã (hoje) acordo às 5h!!


Beijosmeliguem!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Repost

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.


(Fernando Pessoa, 1931)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vie

Anseio, poesia sem ponto,
Melancolia do que foi, me diz
em prosa, crônica ou conto
a razão do viver e ser feliz?

Pois sofro e quero mutuamente
como Deus à criação;
como pode o sol poente
ante a lua dizer não?

Céu de estrelas de olhos d´água
chora motivos e flor-de-liz;
Dê-me ócio sem hora marcada,
- prisco tempo, nostalgia -
a crescer sem pedir bis...

sábado, 30 de maio de 2009

25 de maio de 2009

Depois de tanto lamento e frustração, já não sabia o que era amar. E talvez nunca tenha realmente descoberto o que significava o sentimento; iludia-se em contratempos e destes tornava-se escravo. Até então. Ah, se controlasse suas emoções, se pudesse conter a explosão... tinha de ser diferente. Podia...

Fazia tempo e as horas se aceleraram.

A felicidade lhe mostrou um rosto que nunca havia visto antes; iluminado, cegava, uma mescla de pureza e sedução. Talvez tenha mesmo se deixado seduzir. Dançou em seu ritmo. E como que de impulso, sua boca a tocou num beijo prolongado. Que estranho gosto seria aquele, de que seria feito? Era impossível identificar e bom demais para freiar os lábios que já não mais o pertenciam. Congelaram. "À eternidade", pensou. Um, dois, três, quatro meses se foram, e o calor de seu corpo era tanto que evaporou a boca em pedra. Emudeceu, antes mesmo de poder falar o quanto aquilo representava para si. Antes mesmo de se deixar ser amado. E agora que beijá-la virou utopia, sem os lábios no rosto para sorrir, restaram-lhe apenas os olhos à chorar. E, por controverso que seja, percebeu que quando antes longe, a tocava muito mais.

A felicidade, já não mais o reconhecendo, transformou-se em angústia.
E, então, fez-se o tempo... justo quando não mais queria notá-lo... e foi como se as horas retardassem... quase parando.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Férias

Chegando de viagem! Cinco longos dias de prisão em uma casa em Boiçucanga - ou Boissucanga, como queiram, vez que nem os órgãos públicos de lá se decidem sobre qual seria a grafia correta do sub-distrito. Como o único atrativo é a praia - aliás, pior mil vezes do que a de Santos - e São Pedro não colaborou, não fizemos nada em absoluto no primeiro e segundo dia, tirando um rápido "parabéns" pro meu pai.

Com a ausência da chuva, mas também do sol, o terceiro dia foi mais promissor. Andamos pelos shopping, umas quinze lojinhas a céu aberto, e fomos ao Circo Zanni, o maior espetáculo da Terra para umas 400 pessoas. Eu já tinha ido outra vez neste circo, e é legalzinho mesmo. Contei 13 artistas no total (duas crianças), que trabalham tanto na bilheteria e bazar quanto no espetáculo em si. O Felipe se interressou por uma malabarista, e eu retruquei que o Hobbit era bonitinho (outro artista, que apelidei dignamente). A noite, nada.

No quarto dia encontramos o Felipe, primo da Luanna. Ela não quis vir nos ver, mas tudo bem, por que ela é legal mesmo assim. O Felipe estava com alguns amigos, umas tuxas também. Saímos algo em torno de 21 horas de casa, e meu pai queria que chegássemos às 22. Rá rá rá. No fim os amigos dele foram pra não sei onde com um narguile, e nós ficamos rodando pela cidade com 8 reais em mãos. E, claro, não tinha lugar algum que desse pra entrar com esse dinheiro. Na verdade, não tinha lugar algum por dinheiro nenhum. ¬¬'


O divertido foi que duas mães loucas no ponto de ônibus em frente ao posto de saúde deram em cima da gente quando passávamos. Juro que não ouvi, tenho que apurar mnha audição pra essas coisas. Elas se revoltaram, e nos chamaram de metidos, e eu respondi que era gay. Continuamos rodando, e como o lugar é imenso, encontramos novamente com as nativas. Era um lugar mais iluminado, e suas formas ficaram mais evidentes: ela era o Predador.

A louca nos chamou pra fumar na praia, e fomos juntos pq ela era divertida e não tinha mais nada pra fazer. A Predador se chamava Camila, mas ela nos explicou que não era a Camila Pitanga, e sim a Camila Manga. Sua filha estava com um furúnculo na virilha, e ela estava lá pq sua cria precisava de uma benzetacil. A Manga e sua amiga que não lembro o nome continuaram a dar em cima da gente, e daí decidimos continuar andando. Nada mais me lembro.

No quinto dia eu descobri que haveria um sexto, para contentamento geral da nação. Fez sol, mas nem tanto, e ficamos na praia um pouco. Quando voltamos, descobri que perdi a cena do Pedrinho, que subiu pra varanda e fez xixi na cabeça do meu avô, que estava sentado lá em baixo. Pensamos em não fazer nada na rua novamente, e o Felipe tinha largado um barzinho aí pra nos ver. Saímos e ficamos andando.

Fomos até o circo novamente, e vimos a malabarista e o Hobbit juntos, com uma criança - provavelmente uma família. Meu pai ficou ligando, querendo que voltássemos. Falamos que o Felipe já estava vindo, só pra nos ver, e ainda pensamos em ficar jogando buraco em casa, mas ele estava de birra e não deixaria o menino entrar. Pior, ligou pro menino, falou pra ele descer do ônibus e voltar pra casa. É estranho como de repente ele faz coisas absurdas, sem motivo. Talvez seja por necessidade de demonstrar sua autoridade quando meus avós estão por perto. De qualquer forma, fiquei extremamente sem graça em relação ao menino. Voltamos pra casa, ficamos jogando até não sei que horas e fomos dormir.

Hoje, sábado e sexto dia, voltamos logo cedo pra Santos, finalmente. :]

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Non, rien de rien

Já fazem umas quatro horas que estou tentando escrever aqui, mas sendo interrompido a cada frase formada. Minha virada de ano definitivamente não foi das melhores. Não postei antes e o ano já se encerrou, mas ainda há tempo para toda aquela série de desejos ao ano vindouro, 363 dias de 2009 ainda estão por vir. Fica pra depois.

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

(Fernando Pessoa, 1931)