quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Ciranda
domingo, 12 de dezembro de 2010
CONTRA-ATAQUE A INOCÊNCIA
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Soneto - Bocage
Os garços olhos, em que o Amor brincava,
Os rubros lábios, em que o Amor se ria,
As longas tranças, de que o Amor pendia,
As lindas faces, onde Amor brilhava:
As melindrosas mãos, que Amor beijava,
Os níveos braços, onde Amor dormia,
Foram dados, Armândia, à terra fria,
Pelo fatal poder que a tudo agrava;
Seguiu-te Amor ao tácito jazigo,
Entre as irmãs cobertas de amargura;
E eu que faço (ai de mim!) como não sigo!
Que há no mundo que ver, se a formosura,
Se Amor, se as Graças, se o prazer contigo
Jazem no eterno horror da sepultura?
(Sonetos, Bocage)
domingo, 26 de setembro de 2010
Kamikaze
Compreendia o porquê de muitas de suas atitudes, ou a falta delas. De início, tudo lhe parecia muito simples como matemática. Uma progressão aritmética, onde se subtraem de um número natural suas decepções, uma a uma. O resultado será sempre menor que o anterior e logo a paixão se esvai. Tudo seguia perfeitamente conforme a lógica, porém a lógica não lhe bastava. Sabia que se tratava de um sentimento, que para estes não há razão, e envergonhava-se por explicar tão sucintamente o que os mais renomados poetas passam a vida remoendo das formas mais rebuscadas. O letreiro luminoso lhe despertou a atenção. Foram quatro segundos fitando-o até decidir entrar e mais quinze para encontrar um assento disponível frente ao bar.
- Kamikaze, por favor.
Realmente curioso era que quanto mais se dedicava ao enigma pessoal, mais se distanciava da solução. Se antes possuía a resposta na palma das mãos, agora a mesma era fluída, instável, escapando-lhe mais por entre os dedos a cada sinapse realizada. Imaginou a possibilidade de estar apaixonado pela paixão, tamanho o transtorno que a mesma lhe causara com sua ausência. Buscou por ela em diversos corpos, mas baldaram-se os esforços - tornara-se, mesmo, incapaz de apaixonar. Seria ela a razão de sua existência? Lembrou-se de sua mãe. Até então pensara em paixão, sem se dar conta do amor. No instante seguinte cogitou loucura. Pegou a taça que lhe fora servida e tomou 3/4 do drinque em um gole. A bebida, feita com vodka e limão, era amarga como a vida. Sentiu sua coxa tremer, e num toque constatou o celular vibrando.
- Oi querido! É a Rita! - disse de prontidão a voz no outro lado da linha. - Nosso rendez-vous ainda está de pé?
- Claro! Chego em 40 minutos.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Cândida
domingo, 18 de julho de 2010
Hit the road
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Sobre ser e estar
domingo, 13 de junho de 2010
Dias airados
Almoçou às dezesseis, saiu com amigos, bar e balada, jogou cartas e conversa fora, comprou pão e gente, jantou. Cansado que estava, atirou-se sob os trapos de Morfeu, para levantar às quatorze de sabe-se lá que dia. Viu pai, mãe, irmãos, filhos, primos, avós, cachorro, gato e papagaio, que cantarolou Banho de Lua em sua homenagem - banhou-se três vezes, só para refrescar. Foi feliz em seu ócio sem hora marcada, até o soar do despertador... de novo, segunda, de novo?
sábado, 12 de junho de 2010
Solidão consentida
Frio e solidão emanam de seu corpo e lhe fazem encolher sob as cobertas, tal qual feto no útero. Olha para fora, e por um instante acredita estar nevando. Apenas a sujeira que granula o céu e emoldura a cidade em tom de sépia, como retrato de um passado remoto. Há quanto tempo não vê o sol?
Parte 2:
O vento que parece assoviar Carmem prolonga "l'amour" para irromper no chacoalhar arrotado dos vidros semi-soltos de sua velha janela coberta de pó. Jamais aberta, nenhum outro sentimento conseguirá entrar aí.
Parte 3:
A espera da ligação que nunca vem, você busca o nome em sua agenda a fim de tomar frente na decisão. Ocorre que não quer ouvir uma voz específica, mas qualquer uma que dê identidade à um amigo. Todos mudos.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Rejeitado em si
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Verossimilhança
sábado, 1 de maio de 2010
Sentidos
terça-feira, 16 de março de 2010
Nouvelle
Se por vezes quis saber o significado da vida, se por vezes deu a ela quantos e tantos significados, tantos insignificantes, agora sabe o que significa viver. Sabe que vinte e quatro horas são oitenta-e-seis-mil-e-quatrocentos-segundos, e deixa ser, tecer; deixa e faz acontecer. Elege coadjuvantes, e ainda se anima, empolga, cresce. E ainda se desanima, desola, entristece. Apenas coadjuvantes, poucos são os papéis principais. (...) Hoje, aprecio rosas brancas.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Vida efêmera
Dê valor aos bons instantes que a vida lhe proporciona, mas não esqueça que serão sempre, e apenas, instantes.