quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cândida

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Quero tanto acreditar nesse sussurro tão manso e sem sobressalto
que fazem com tanto charme, assim, ao pé do ouvido.
Quero tanto ser burro e cegar-me o sonho em vôo alto,
atrapalhar-me, ludibriar-me, ser traído e, ainda assim, agradecido.

Quero tanto acreditar nos mitos e lendas, nos tantos contos ditos,
em Papai Noel, Fada do Dente, Homem do Saco e no Amor.
Quero tanto acreditar nas comendas quanto acredito nos eruditos,
ser ingênuo, imprudente, desconhecer a lógica e também a dor.

Nada de sinapses em minha cabeça; arranquem-me os neurônios,
façam-me fantoche e falem por mim. Não quero responsabilidades,
mas ser criança travessa e livre - livre dos homens, dos demônios.

E se o preço é caro pela crença, mais ainda por vaidades.
Talvez seja este o meu fim, o de Josés, Luizes e Antônios:
morrer não por doença, mas por perceber verdades.
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