sábado, 12 de junho de 2010

Solidão consentida

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Parte 1:

Frio e solidão emanam de seu corpo e lhe fazem encolher sob as cobertas, tal qual feto no útero. Olha para fora, e por um instante acredita estar nevando. Apenas a sujeira que granula o céu e emoldura a cidade em tom de sépia, como retrato de um passado remoto. Há quanto tempo não vê o sol?

Parte 2:

O vento que parece assoviar Carmem prolonga "l'amour" para irromper no chacoalhar arrotado dos vidros semi-soltos de sua velha janela coberta de pó. Jamais aberta, nenhum outro sentimento conseguirá entrar aí.

Parte 3:

A espera da ligação que nunca vem, você busca o nome em sua agenda a fim de tomar frente na decisão. Ocorre que não quer ouvir uma voz específica, mas qualquer uma que dê identidade à um amigo. Todos mudos.

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