terça-feira, 25 de maio de 2010

Rejeitado em si



Uma descarga,
e um fluxo de insalubridade contínua,
e o caldo espesso e espuma abrindo caminho,
e já não há mais oxigênio aqui,
e o cheiro, o podre que faria cair um nariz,
da água fétida percorrendo os canais infindos,
e os ratos à margem que acompanham em bandos
os peixes e esterco que boiam e seguem o ritmo
num simulacro da vida que já não há mais aqui,
e na curva outro despejo clandestino,
amônia e uréia correndo e limo,
e o sexo, o imundo, o gozo,
e agora se segue outro rumo,
e sangue, muito sangue,
e agora é a lâmina quem abre o caminho,
e é vinho, é verde e vinho,
fluindo, saindo, caindo
e indo,
se indo,
sê indo.

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